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O corpo perfeito é o seu: antes de ser sarado é preciso ser saudável


Quem vê cara não vê coração. Quem vê corpo sarado nem sempre vê saúde. Sabe aquele corpo de modelo de capa de revista? Quem nunca sonhou com um?

Quase 10 anos após passar da casa dos 135 para os 80 e poucos quilos, ainda me pego desejoso de ter um corpo mais torneado. Porém, a rotina atribulada – com compromissos profissionais, familiares, pessoais (e um pouco de preguiça) – me impede de ter aquele corpo cheio de músculos. Na verdade, penso que a genética também não me é muito favorável.

Nas últimas duas semanas das férias (re)comecei a malhar após meses de um quase sedentarismo. Dores no corpo, bem-estar momentâneo após os exercícios e o desejo de introduzir a musculação na rotina se tornaram realidade.

Retornei ao trabalho. No primeiro dia, faltei a musculação pois só poderia ir até a academia de noite, quando ela fica cheia daqueles marombeiros que levantam milhões de quilos e fazem selfies em frente aos espelhos. Como ainda estou levantando bem menos peso que eles, não me sinto confortável com os olhares que dizem: “olha esse fracote ai”.

Hoje, cheguei mais cedo mas o sono – passei a acordar às 4h30 para ir ao trabalho – me fez dormir entre 15h30 e 17h. Fiquei com remorso.

O peso na consciência aumentou quando lembrei que comi um brigadeiro hoje. Recordei também que comi pizza no sábado, tomei uma cervejinha no domingo e comi um salgado frito na quarta-feira. Tudo na mesma semana.

Um compromisso no início da noite me fez adiar a ida até a academia (sim, iria enfrentar os marombeiros e dividir espaço com eles no horário de pico).

Enquanto seguia para o compromisso, refleti sobre meu corpo, sobre o motivo de passar vários minutos na esteira, levantar peso de formas diferentes em várias máquinas, fazer alguns exercícios aeróbicos sob os olhares de incentivo e cobrança da profissional de educação física que atua na academia. O motivo é conseguir músculos, modelar o corpo e se enquadrar em padrões que nos fazem ser vistos como “mais bonitos”.

Na mesma reflexão, lembrei de um fato ocorrido ontem. Por volta de 15h, quando saía do trabalho, fui buscar os exames periódicos e passei pelo ambulatório da empresa, onde um médico atendia. Ao chegar, entreguei os resultados de testes de sangue, fezes e urina. Ele examinou e disse:

– Você está ótimo. Sua imunidade é a melhor entre as pessoas que vieram aqui até agora.

Não fiquei surpreso. Sei que tenho uma boa saúde. Mesmo tendo comido o chocolate, tomado uma cervejinha (que foi acompanhada de uns 4 bolinhos de bacalhau frito servidos como tira-gosto), faltado a academia por dois dias e dormido pouco um dia (o sono só chegou depois da meia noite, mesmo sabendo que iria acordar cedo) eu me sinto bem. O bem-estar é algo normal.

Acredito que o corpo ideal exige – para muitos que não foram privilegiados pela genética – grande esforço.

Há algumas pessoas que venceram a obesidade e se tornaram exemplos fitness. Sigo várias Instagram e Facebook. Obrigado! Vocês me motivam, mas sinto que preciso de um grande empenho para me tornar igual a vocês.

Para mim é normal: comer salada e produtos naturais; ingerir quantidades bem menores do que antes de emagrecer (quando comia fácil uns 6 pães no café da manhã); exagerar em algo um dia e compensar no outro. É normal pensar como uma pessoa magra, que come de tudo para se nutrir ou para provar algo gostoso, que não come quando não quer ou sabe que o alimento é nocivo.

Espero que levantar peso a qualquer hora passe a ser algo normal, sem a máscara da obrigação. Mas, penso que não devo fazer isso apenas para mudar meu corpo. Devo fazer isso como mais uma forma de somar saúde a minha vida. Tenho fé que ainda vou conseguir.

Ainda na minha reflexão, estava questionando: com quantas pessoas lindas (com corpo considerado escultural) você já me relacionei? Tá, não foram muuuitas, mas foram algumas. Quantas ‘feinhas” (ou fora dos padrões)? Por certo, foram mais.

Entre essas pessoas, quais as diferenças quando se fala em relacionamentos (sejam amorosos, de amizade etc)? Não há diferenças. Seja gordo, magro, feio ou bonito, a conversa, a convivência e o sexo não necessitam de músculos torneados para serem bons.

Ser “sarado”, no fundo, é uma cobrança social e mais uma das cobranças que fazemos para nós mesmos. Não que não deseje isso, ou queira justificar minha barriga sem gominhos e meio mole. Apenas penso que o corpo muda (e ganha peso) com o passar dos anos. O corpo musculoso é uma escultura feita com muito trabalho (alimentação, suplementos, força).

Ainda espero que seja algo normal para mim esculpir esse corpo ideal, assim como é normal me sentir bem com o corpo que tenho hoje. Ele me permite fazer tudo por ter saúde.

Termino o texto por aqui. Vou a um parque público dar uma caminhada para compensar a falta na academia e, principalmente, para me sentir bem. Prometo que amanhã vou cedo malhar. Afinal, ainda tenho fé que me tornar sarado será algo normal na minha rotina.

* Leandro Tapajós é bariátrico, jornalista e autor do livro “50 kilos Depois”

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